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“Eu não sou homofóbico (a), mas…”

“Eu não sou homofóbico (a), mas…”

E assim se inicia grande parte das falas homofóbicas a nossa volta.

São nos pequenos detalhes, nas pequenas atitudes, repetidas e legitimadas de tantas formas ao nosso redor, que os extremos como a ofensa verbal, a agressão física e, até, o assassinato acabam sendo legitimados pela manutenção cultural do nosso preconceito.

É cotidiano, apesar de não saudável, que pequenas brincadeiras homofóbicas aconteçam nos grupos, principalmente predominante de homens, sem que sejam questionadas e, no máximo, com o sorriso amarelo. Mesmo aqueles que se incomodam e se revoltam com a prática , por vezes, “deixam passar”.

Outras posturas, provavelmente, muitos de nós já presenciamos. Pessoas que estimamos muito esbravejam com outros amigos: “imagina meu filho vendo dois homens se beijando na rua”, como se o carinho e afeto público de casais gays fossem um vírus que, ao ver a cena, a criança estaria sendo “contaminada” com o vírus gay e ….ah, “eu não quero filho gay não!”.

E aquela fala: “eu tenho até amigos gays”!!. Quem nunca ouviu?! Que frase defensiva que mais remete a uma tentativa de convencimento interno do que o respeito à diversidade no amor do outro!! No entanto, é fato que muitos acham absurdo demonstrações públicas de afeto e carinho se não os da dita “família tradicional brasileira”.

Essa semana eu ainda tive que ler: “se o cara quer ser homossexual tudo bem, a vida é dele. Mas não tem q ficar expondo”. Essa mensagem foi relativa a um posicionamento que fiz questão de publicizar em minhas redes, quando um querido amigo foi alvo de haters no instagram após publicar uma foto com o namorado dando um selinho, acompanhada de uma descrição na qual declarava o afeto que sente por estarem juntos.

Se o problema cultural não tem remédio a curto prazo e isso fere a dignidade, segurança e saúde de determinado grupo, felizmente as instituições democráticas, por meio da legislação, garantem-nas com o rigor da lei. É muito angustiante pensar, que com o passar do tempo, as pessoas ainda carregam reações tão bárbaras e cruéis para com seus semelhantes. Tais reações são materializadas pela perpetuação de um discurso que machuca, que fere, tratam o outro como um “subgrupo”, “um subumano”, que tem que esconder seu amor, seu carinho, seu afeto.

A cultura homofóbica é tão cruel e enraizada que muitos homossexuais se sentem mal por amar. Culpam-se por sentir. Acham justo que a sua demonstração de afeto seja colocada apenas na clandestinidade, evitando-as quando próximo a outras pessoas e, ainda pior, julgando e condenando aqueles que, legitimamente, se sentem livres (e todos nós de fato somos/deveríamos ser) para amar e sermos amados.

Com as redes sociais… aí que as coisas pioraram!. As pessoas se sentem livres para ofender, humilhar e agredir todos aqueles que pensam e/ou vivem diferentes deles. Colocam-se como juízes e desconsideram o direito do outro aqui no mundo off-line, como se no online fossem inalcançáveis.

Desse modo, um ambiente construído para que nós pudéssemos nos aproximarmos do que nos faz bem e de quem nos faz bem, acaba se tornando um lugar delicado, no qual por compartilhar o que sente ou o que vivencia, sem ferir o direito de ninguém, mas usufruindo daquilo que você tem direito, você pode ser ofendido (a), hostilizado (a), ameaçado (a), perseguido (a).. morto (a).

Há uma necessidade latente de que as pessoas olhem tudo, vasculhem tudo, comentem tudo, questionem tudo. Esquecem que você pode optar por ocultar páginas que não são compatíveis com o que pretende ver, bloquear pessoas que compartilham aquilo que você discorda, ignorar e seguir a sua vida sem usar do seu ÓDIO para tentar atrapalhar o AMOR de alguém.

Aprenda a respeitar. Aprenda a não ofender. Aprenda a simplesmente ser feliz sem atrapalhar a felicidade do outro. Se não te agrada, não acesse. Siga sua vida.

Este texto não é direcionado a uma ou outra pessoa, mas são colocados exemplos que observo serem recorrentes ao nosso redor. Se você se identifica com alguma destas posturas homofóbicas ou sente a necessidade de questionar aquilo que não diz respeito a você na rede social do outro, reflita. Coloque-se  no lugar as pessoas. Use a empatia como regra para dissolver o ÓDIO no seu coração e deixar que o AMOR domine.

Vale destacar que, apesar do texto ser direcionado à homofobia, todo ele pode ser lido como crítica à LGBTQIA+fobia.

Por fim, apesar de me tocar e me ofender a postura preconceituosa que observo ao meu redor, não é meu local de fala por não sentir na pele os problemas de quem passa por isso. No entanto, peço licença aos que sentem para partilhar aqui, no espaço que me é dado, a minha solidariedade e apoio.

Infelizmente nossa herança cultural contribui para que sejamos LGBTQIA+fóbicos. Somos levados a acreditar que só sou homofóbico quando dou um soco, agrido, mato alguém. Quando utilizo da força para agir contra aquele que discordo. Não! A homofobia é alimentada em cada pequena atitude que repassamos, que concordamos, que aceitamos e que nos calamos.

Nós somos homofóbicos, mas… nós vamos mudar isso!!

4Comentários


  1. Anne Rezende

    Muito bom, Roberto Filho.
    Obrigada por sua fala tão coerente e a favor do amor♡♡♡
    Sim, vamos mudar isso!

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  2. Xuxu

    Achei o MAXIMO….

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  3. João Levone

    Meus parabéns por esse tapa de luvas…
    É desse jeito q funciona sim….
    Obg por nos ver com outros olhos, te admiro ainda mais por pensar dessa forma….
    NÃO ESCOLHEMOS SER LGBTQI+, MAS A SOCIEDADE ESCOLHE SER LGBTQI+fobicos…

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  4. Tika Maza

    Que texto … parabéns 👏

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